O QUILOMBO DOS QUARTÉIS DE INDAIÁ
Aires da Mata Machado Filho, em sua obra “O Negro e o Garimpo em Minas Gerais”, imortalizou os Vissungos e a “língua Benguela” de São João da Chapada, localizado a noroeste da atual Diamantina-MG.
O artigo com o título supracitado, publicado por Ademir Pão no Jornal “Voz de Diamantina” de 17.04.2010, segundo o historiador, Dr. Jorge Lasmar, pode estar revelando a norte de São João da Chapada (7,5 a 8 quilômentros) mais um enorme diamante cultural das maravilhosas lavras do antigo Tijuco. Confira.
“O povoado de Quartéis de Indaiá fica a 40 quilômetros de Diamantina, perto de São João da Chapada. Sua história é a mistura da chegada dos primeiros’ negros à região para garimpar na cabeceira do Rio Caeté Mirim, em busca do ouro e do diamante, e da repressão das tropas imperiais; tudo faz parte da sua memória.
A maioria da população é de mulheres; os homens ficam no campo plantando roça, pois garimpar não se pode mais, devido às leis ambientais. Essa população pouco ouviu falar de Zumbi dos Palmares, o líder negro brasileiro.
Nos fundos da povoação funciona uma escola. Ao entrar na sala de aula, percebem-se os traços da herança africana no modo de falar e de vestir. Os moradores mais antigos comentam a crueldade dos soldados imperiais, quando, ao retomarem da Guerra do Paraguai, foram enviados a essa comunidade para fazer patrulha. Numa extremidade do prédio da escola existe um muro de pedra, onde os negros eram presos e castigados, quando tentavam “surrupiar” algum diamante.
Os moradores mais velhos de Quartéis de Indaiá têm a lembrança do dialeto de seus bisavós e avós, muito semelhante ao.que hoje se fala na costa oriental da África.
A Secretaria de Cultura de Diamantina não tem informações concretas sobre Quartéis de Indaiá. Seria necessário um estudo profundo dessa comunidade, mas quem poderia fazê-Io era a Faculdade de Filosofia e Letras de Diamantina – Fafidia, através do seu departamento de história ou de letras. No entanto, esse educandário encerrou suas atividades há pouco mais de um ano“.
Ademir Pão – 11/03/10
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