Dois em cada três analfabetos brasileiros são negros ou pardos, diz IBGE
5 de outubro de 2007
Em um país em que quase metade da população declara-se branca, a análise dos índices de analfabetismo revela uma assimetria: apenas 32% dos analfabetos pertencem a esse grupo, enquanto 67,4% são negros ou pardos declarados, segundo a Pnad de 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Traduzindo em números absolutos os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), dos 14,4 milhões de analfabetos, 10 milhões eram negros ou pardos.
O pesquisador Tarcísio José Martins entende que, nós brasileiro, somos pretos em gênero. Em espécie somos crioulos, cabras, cafuzos, pardos e pardos-claros. O IBGE precisa se atualizar. (Mas, até hoje, outubro/2022, não se atualizou sobre a verdadeira classificação de nossa miscigenação afrodescendente).
Isso faz com que a taxa de analfabetismo entre negros e pardos (14%) seja mais que o dobro daquela entre os brancos (6,5%).
Os dados também indicam que a ampliação do acesso ao ensino superior não favoreceu de maneira igual brancos e negros. Entre 1996 e 2006, aumentou em 25,8 pontos percentuais o número de estudantes brancos de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior – de 30,2%, passou para 56%. Já a participação dos negros e dos pardos nesse nível de ensino aumentou em 15 pontos percentuais, de 7,1% para 22%.
A diferença é ainda maior entre as pessoas com mais de 15 anos de estudo – suficientes para concluir o ensino superior: em 2006, 78% delas eram brancas, e apenas 3,3% negras.
‘É um resultado pífio, e para mudar o quadro seria necessária a criação de cotas em todas as universidades públicas do país’, disse Eduardo Pereira, gestor da Educafro, pré-vestibular de São Paulo dedicado a afrodescendentes.
A situação dos negros e dos pardos é também pior quanto à renda: mesmo na comparação entre pessoas de mesmo nível de escolaridade, a renda média dos negros e pardos é, em média, 40% menor do que a dos brancos.
Brancos com mais de 12 anos de estudo ganharam, em média, R$ 15,90 por hora, em 2006, enquanto os negros e pardos receberam R$ 11,10.
FONTE: filhodoandre@gmail.com em 05-10-07 (CEDEFES)