21 de abril de 2007
Segundo a polícia, esquema, que agia em MT, GO e SP, envolvia funcionários de cartórios para a obtenção de financiamentos
Senador Jayme Campos, mencionado em conversa telefônica entre supostas participantes do grupo, diz que desconhece o assunto
JOSÉ EDUARDO RONDON
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal prendeu ontem na Operação Lacraia, deflagrada em Mato Grosso, Goiás e São Paulo, 32 pessoas suspeitas de participar de um esquema de grilagem de terras, fraudes cartorárias e crimes contra o sistema financeiro.
O senador Jayme Campos (DEM-MT, ex-PFL) foi envolvido no caso por meio de interceptação telefônica entre dois suspeitos de participar do grupo. Ele nega. O Supremo Tribunal Federal decidirá se Campos será investigado.
Segundo as investigações, funcionários de cartórios falsificavam e forjavam registros e títulos de propriedades rurais, que posteriormente eram usados na obtenção de empréstimos e financiamentos bancários por “clientes” do grupo.
A suspeita do Ministério Público Federal em Mato Grosso é que o senador tenha agido em defesa da ex-tabeliã de Mato Grosso Helena Jacarandá, uma das presas ontem.
Segundo o procurador da República Mário Lúcio Avelar, o senador “supostamente promove os interesses da organização criminosa junto a elevadas instâncias do poder público, mormente perante o Superior Tribunal de Justiça, a fim de restabelecer a investigada Helena Jacarandá à frente do cartório de registros de imóveis de Barra do Garças [MT]”.
O diálogo em que o senador aparece é da corretora de imóveis Lucélia Parreira e Maria de Lourdes Dias Guimarães, ambas presas pela PF. Lucélia, segundo a procuradoria, era braço direito de Helena, e Maria de Lourdes, sua ex-funcionária. Maria de Lourdes diz: “Qual será que foi o político forte que [interrompida].” “O Julio Campos”, diz Lucélia. “Ahn?”, fala Maria de Lourdes. “O Jayme Campos, que ele é senador. (…) Ele que conseguiu”, diz Lucélia.
A investigação teve início há nove meses e apontou a existência de fraudes que funcionava em cartórios de registro de imóveis em Barra do Garças, Água Boa (MT), e Baliza (GO).
As escrituras, que na maioria eram de propriedades da União ou não existiam, serviam de garantia na obtenção de empréstimos por “clientes da quadrilha”, relatou a PF, que não tinha estimativa do valor levantado pelo grupo.
Outro lado
Por meio de sua assessoria, o senador Jayme Campos (DEM, Ex-PFL-MT) disse que “desconhece completamente” o tema. Afirmou também que nunca esteve no STJ, onde, segundo o Ministério Público Federal, supostamente agiu em favorecimento de Helena Jacarandá, presa ontem. A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Maria de Lourdes, Helena e Lucélia.
Fonte: Folha de São Paulo
21 de abril de 2007
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Será que isto existe em Minas Gerais?
Como o leitor pôde conferir, o crime de grilagem é combatido pelas forças policiais quando este visa a prejudicar o sistema financeiro. Mas, quando fazendeiros com a posse de documentos falsos expulsam famílias ou comunidades inteiras de terras, dentro das quais vivem por séculos, será que a polícia toma medias tão drásticas contra esses falsificadores?