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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE Confederação Quilombola

Versão atualizada em 22.12.2007 a partir da segunda edição do livro QUILOMBO DO CAMPO GRANDE, agora com o subtítulo “A História de Minas que se Devolve ao Povo”. Terceira edição em 2018.

Quilombos eram locais bem escondidos, de difícil acesso, onde os escravos fugidos se reuniam, construíam suas casas, plantavam suas roças e viviam em sociedade, livres da escravidão… pelo menos enquanto não fossem atacados pelos capitães do mato.
Minas Gerais, só no período entre 1695 a 1790, teve mais de uma centena de quilombos, ou povoações de gente pobre que, rebeldes ao governo, foram assim qualificadas pelas autoridades coloniais, o que amplia, DE FATO, o próprio conceito jurídico-objetivo do que tenha realmente sido um QUILOMBO, nesse período e nessa região colonial.

O advogado e pesquisador da História mineira, Tarcísio José Martins, em seu livro “Quilombo do Campo Grande – A História de Minas Roubada do Povo“, 318 páginas, trouxe à lume fatos, documentos e abordagens inéditas não só sobre nossos quilombos, mas também sobre a própria História das Minas Gerais colonial.

Em segunda edição de 1032 páginas, publicada em agosto de 2008 pela Santa Clara Editora, Contagem-MG, com o selo de Sócio Correspondente do IHGMG, agora com o subtítulo “A História de Minas que se Devolve ao Povo“, o autor confirmou praticamente tudo o que dissera na primeira, provando documentalmente em mais de 2.740 notas de rodapé, autorizando-nos a atualizar também esta matéria de seu site pessoal e do mgquilombo.

Segundo as notícias que dá esse pesquisador, o Quilombo do Campo Grande, tão importante quanto o de Palmares, NÃO era um quilombo comum, como sempre imaginaram os historiadores que até hoje trataram do assunto. E destaca alguns pontos interessantíssimos, nunca levantados por outro historiador.
Destaca, por exemplo, que o Campo Grande era MAIOR que Palmares, pois, enquanto aquele Estado-Quilombo nordestino só tinha 9 núcleos ou vilas, o Campo Grande chegou a ter cerca de 27 vilas ou núcleos, sendo que, em 1759/1760, ainda tinha mais de 20 povoações esparramadas pelo Alto São Francisco, Alto Paranaíba, Triângulo, Centro-Oeste e Sudoeste de Minas.
1 – Quilombo do Gondum; 2 – Quilombo dos Trombucas; 2.1 – Quilombo do Calunga; 2.2 – Quilombo do Cascalho I; 3 – Quilombo do Quebra-pé; 4 – Quilombo da Boa Vista I; 5 – Paiol do Cascalho; 6 – Quilombo do Cascalho II; 7 – Palanque da Povoação do Ambrósio; 7.1 – Primeira Povoação do Ambrósio; 8 – Quilombo da Marcela; 9 – Quilombo da Pernaíba ou Paranaíba; 10 – Quilombo da Indaá ou Indaiá; 11 – Quilombo do Ajudá; 12 – Quilombo do Mammoí ou Bambuí; 13 – Quilombo de São Gonçalo I; 14 – Segundo Quilombo do Ambrósio; 15 – Quilombo do Fala ou Aguapé; 16 – Quilombo das Pedras; 17 – Quilombo das Goiabeiras ou Quilombo do Desemboque; 18 – Quilombo da Boa Vista II; 19 – Quilombo Nova Angola; 20 – Quilombo do Cala Boca; 21 – Quilombo do Zondum ou Zundum; 22 – Quilombo do Pinhão; 23 – Quilombo do Caetê; 24 – Quilombo do Chapéu; 25 – Quilombo do Careca; 26 – Quilombo do Marimbondo; 27 – Quilombo do Muzambo.

Outro ponto que destaca esse pesquisador é o de que os povoados do Campo Grande eram habitados, principalmente no seu início, por pretos (*) forros e por brancos pobres que fugiam do sistema tributário da Capitação, e NÃO apenas por escravos fugidos. Em Minas, nada é igual… tudo é diferente.
(*) PRETOS, como gênero das espécies negro estrangeiro, crioulo, cabra, pardo ou mulato e cariboca(*) ou cafuzo. (*) Cariboca é sinônimo de cafuzo. Dicionário Aurélio, equivocado.
Ressalta, o historiador, os seguintes fatos histórico-sociais que fizeram o contexto desse quilombo de pretos forros* (alforriados, “livres”) e brancos pobres:

Os emboabas, ou reinóis mineiros (brancos portugueses), só venceram os paulistas porque utilizaram contra os mesmos, os seus escravos pretos que sempre armaram e organizaram na forma de pelotões ou esquadras (a exemplo da gloriosa esquadra de Lourenço da Mota) chamadas Henriques ou Zuavos, nomes inspirados nas tropas do grande Henrique Dias.

Os emboabas, quando vieram para as Minas, não trouxeram mulheres brancas. Miscigenaram-se com as negras que usaram como escravas, prostitutas e até concubinas, gerando, num curto espaço de tempo, o maior contingente de mulatos que o mundo já vira.

O trabalho nas Minas, diferentemente do trabalho no engenho, gerava – necessariamente – muitas alforrias, popularizando, nas Minas, a figura jurídica da Quartação, ou seja, a compra, pelo próprio escravo, de sua alforria em quatro pagamentos.

Tudo isto gerou alforrias como nunca se vira em toda a História do Brasil. Quando, em 1720/1721, os reinóis mineiros se impuseram de vez aos paulistas e a Capitania de Minas Gerais ganhou sua autonomia político-administrativa, cerca de 70% da população “livre” das Minas Gerais, na verdade, era composta de pretos forros.

Em consequência de tudo isto, os pretos forros, principalmente os mulatos, começaram a subir na escala social da sociedade branca. Havia pretos alferes, capitães, padres, funcionários públicos, escrivães e até juízes de vintena, juízes de pequenas comunidades. Confira as revelações de José Inácio Marçal Coutinho.

A partir de 19.09.1725, os reinóis resolveram dar um basta a esse estado de coisas. Passaram a cumprir a lei e a restringir com mais rigor, através de mais decretos e bandos, essa mobilidade social que principalmente os pardos forros vinham obtendo na sociedade “livre” mineira.
Assim, quando Gomes Freire, em 08.08.1746, informou ao Rei que havia MAIS DE VINTE ANOS (portanto, desde 1726) começara a se formar, no CAMPO GRANDE, um troço de negros a que vulgarmente chamam quilombos, lógica é a conotação, mesmo em nível de causa parcial, com as “providências” tomadas contra os pretos forros em 1725.
Outra grande decepção dos pretos forros, sem dúvida, foi a implantação do sistema tributário da Capitação, em 1734/1735, onde os pretos forros, mesmo os possuidores de escravos, tinham que pagar – também por si próprios – esse imposto SEMESTRAL.

A Lei da Capitação, em sua emenda, é claríssima: os pretos forros tinham que pagar a Capitação semestral sobre suas próprias pessoas, sob pena de multa, prisão, açoite e expulsão da Capitania. Também os brancos pobres que trabalhassem com as próprias mãos, tivessem ou não escravos, tinham que pagar também por si mesmos o imposto semestral da capitação.

Quem implantou essa Lei (que já fora desastrosamente testada pelo conde de Assumar), contra a vontade de todos os mineiros, foi Gomes Freire de Andrade, Capitão-General que governava a Capitania do Rio de Janeiro desde 1733 e que, em 1735, passou a governar também a Capitania de Minas e, depois, todo Sul de nosso País, então, até o atual Uruguai.
As listas utilizadas para a cobrança (matrícula) do imposto da CAPITAÇÃO demonstram claramente que, como ocorrera nos Motins de Vila Rica, mas em proporções muito maiores:

a) A enorme massa de pretos forros, ante a opressão e a repressão tributária, desapareceu das vilas oficiais; foram morar em povoados livres que fundavam nos sertões. As autoridades passaram a chamar esses povoados de “quilombos” e, a seus habitantes, apesar de serem forros ou livres, para justificar a violência e o morticínio, passaram a chamar de “aquilombados” ou “quilombolas”.

b) Os documentos da Capitação (confirmados por outros documentos) provam também que só no período de 1735 a 1748 DIMINUÍRAM mais de QUINZE MIL pretos escravos das Listas de Matrícula das Minas Gerais. Destes, CINCO MIL sumiram exatamente das Listas de 1746 para 1747. Como não houve, no período, qualquer epidemia ou doença e a entrada de negros novos nas Minas foi até maior, a conclusão é a de que essa diminuição indique escravos fugidos, em sua maioria, juntamente com seus próprios senhores – brancos pobres e pretos forros – para os povoados ou “quilombos” dos sertões do Campo Grande, onde teriam sido mortos na guerra de 1746, ou escapos, não mais voltaram para as vilas.
A Capitação terminou (foi extinta) em 1750/1751, mas os seus efeitos – dívida dos pretos forros e brancos pobres para com o Fisco Colonial – ainda persistiram por muitos anos.
O Historiador mineiro, Diogo de Vasconcelos, dá notícia de que em 1752 – quando do ataque à bandeira do Pe. Dr. Marcos Freire de Carvalho – a população do Campo Grande era orçada em mais de 20.000 (vinte mil) habitantes, muitos negros e, entre eles, pardos e brancos criminosos.
Realmente, o Mapa do Campo Grande – desenhado pelo Capitão Antônio Francisco França em 1763 – dá notícia (pelo número de CASAS apontadas) que, em 1760, a população do Campo Grande, apesar da extinção da Capitação em 1750/1751, ainda era de mais de 10.000 (dez mil) habitantes.

Como se vê, não há dúvida da participação majoritária dos pretos forros nos quilombos do Campo Grande, principalmente em seu início, quando fugiam do imposto da capitação.

Outro fato importante, também destacado pelo Pesquisador Tarcísio José Martins, é a verdadeira guerra fria movida por Gomes Freire contra a Capitania de São Paulo, cuja destruição política foi efetivamente implementada por esse Governador, com uma obstinação nunca vista num servidor do Rei de Portugal.
Um dos líderes do grupo de poder que articulou a ordem para acabar com a Capitania de São Paulo foi também Alexandre de Gusmão, o paulista traidor, secretário do rei dom João V e de seu confessor dom Gaspar, que, dado o agravamento da doença mental do monarca, em tudo mandaram a partir de 1742 até a morte do rei em 1750.
A divisão (fronteira) das Capitanias de Minas e São Paulo, a partir do Rio Sapucaí, se fazia pelo Rio Grande, de maneira que parte do Sul e todo Sudoeste de Minas de hoje sempre pertenceram à Capitania de São Paulo.
Houve vários confrontos bélicos diretos do Governador “paulista”, Dom Luiz Mascarenhas, com Gomes Freire de Andrada, “o mineiro”, pela conquista desse território, primeiramente na Campanha do Rio Verde (hoje cidade de Campanha) e, depois, em Santana do Sapucaí (hoje, Silvianópolis). O Capitão-General dos paulistas, nos últimos episódios desta história, foi representado por Francisco Martins Lustosa (português, casado com uma paulista de Mogi das Cruzes) e, Gomes Freire, pelo Ouvidor da Comarca do Rio das Mortes. Porém, acima de Gomes Freire, neste projeto reinol de poder (que incluía a destruição política de São Paulo), há claras evidências de que quem articulou tudo foi Alexandre de Gusmão, paulista de Santos, secretário do rei que, por ignorar sua pátria, o Brasil, passou a ser chamado em Portugal de Gusman, o Castelhano.

Em meio a essa guerra contra a Capitania de São Paulo, as DUAS primeiras ondas de ataques aos “quilombos” do Campo Grande foram as seguintes:
a) em 1741, documentos mencionam ataques aos “quilombos” de Susuy e Peropeba, na verdade vilas, cuja maioria da população provavelmente era de paulistas, que nunca foram quilombos e que deram origem aos atuais municípios de Entre Rios de Minas/MG, São Brás do Suaçuí/MG e Queluzita/MG.

b) em 1743, outros documentos mencionam ataques comandados pelo Tenente Manoel Cardoso da Silva e Alferes Sebastião Cardoso de Meneses (ou Morais) aos seguintes quilombos apontados pelo Mapa do Campo Grande:

1) Quilombo ou Povoado do Gondum, localizado em território do atual município de Carmo da Cachoeira/MG;
2) Quilombo ou Povoado das Trombucas, localizado a noroeste do atual município de Nepomuceno/MG. A região de Coqueiral até a de Nepomuceno já se chamou Sertões da Trombuca.
2.1) Quilombo ou Povoado do Calunga, também localizado em território do atual município de Nepomuceno/MG; depois, poderia ter- se mudado para o nordeste do atual Estado de Goiás, onde até hoje sobrevive conforme recentes descobertas. Será?
2.2 – Hipótese muito verossimilhante é a do colega Paulo da Costa Campos de Três Pontas, de que este quilombo que estava “despovoado” em 1760 seria, isto sim, o próprio Quilombo do Cascalho I, situado na Fazenda Calhambola ao sul do território da atual Três Pontas.
3) Quilombo ou Povoado do Quebra-Pé, a oeste do atual município de Três Pontas, localizava-se exatamente onde fica o distrito de Martinho Campos que, para o povo, sempre se chamou Quilombo e, por isto, teve devolvido o seu nome para Quilombo Nossa Senhora do Rosário.
4) Quilombo ou arraial da Boa Vista I, localizava-se onde hoje ainda se acha o mesmo topônimo, ao sul do atual município de Campos Gerais, que já se chamou Nossa Senhora do Carmo do Campo Grande. A localização deste quilombo soterrou a farsa de que a guerra de 1746 tivesse ocorrido contra o Ambrósio II de Ibiá.
(*) Obs.: O Paiol (5) e o “novo” Quilombo do Cascalho (6) serão abordados na ordem cronológica das batalhas que os envolveram (1760).
Há inúmeros documentos que provam esta guerra de fronteiras, onde Lustosa se cercava de paulistas e renegados das Gerais, a maioria de pretos e “facinorosos”. O Ouvidor do Rio das Mortes, nos ataques a Lustosa, utilizava-se de esquadras de soldados e de capitães do mato das Gerais. Essa autoridade do Rio das Mortes, pode-se dizer, foi derrotada em todas essas campanhas (guerras). Período de 1737 a 1748.
A esta época, o Rei Ambrósio, mencionado nas Cartas Chilenas como Pai Ambrósio, já tinha o seu POVOADO onde, hoje, se situa o município de Cristais/MG, margem direita do Rio Grande. O já mencionado Mapa do Campo Grande, realmente, aponta esse núcleo, em 1760, como “Primeira POVOAÇÃO do Ambrósio – despovoada” e não como “quilombo”.
Em meio às guerras de fronteiras que travava com o Governo de São Paulo, Gomes Freire se aproveitou de que Lustosa havia viajado para São Paulo com suas tropas e, em 1746, contratou o Coronel Antônio João de Oliveira para destruir a Povoação do Ambrósio e outros “quilombos” nas suas proximidades. As muitas evidências são as de que se tratava mesmo de uma povoação de LAVRADORES.

7) Primeiro, atacaram fortificações dos quilombolas (palanques e trincheiras) localizadas em vários locais do território do atual município de Formiga/MG; foram mais de 24 horas de luta. É a luta quilombola mais heroica e encarniçada que as Minas Gerais já viram (ou NÃO viram). (*) Cartas de Gomes Freire noticiam apenas que foram mortos vinte e tantos quilombolas e sessenta e tantos foram feitos prisioneiros; quinze atacantes ficaram feridos. Esses quilombos ou fortificações não constam do Mapa do Campo Grande.
(*) As tropas atacantes: soldados montados, vestidos de túnicas escamadas (rodelas de couro cru), armados de escopetas, reiunas, lazarinas, pistolas, pistoletes, lanças e granadas. Os quilombolas: armados apenas de flechas, lanças e com as bolotas de ferro do Morro das Balas resistiram e venderam caro suas vidas.

7.1) Destruídas as fortificações, as tropas teriam descido para o atual município de Cristais/MG e atacaram a própria POVOAÇÃO do Ambrósio. Teria sido uma grande mortandade. A mentirosa carta da Câmara de Tamanduá escrita para a rainha de Portugal em 1793 (documento 100% ideologicamente falso) registra que fizeram mais de 130 prisioneiros, vários chefes e muitas negras e crias (crianças)
(1*). Segundo a carta da Câmara de Tamanduá, o Rei Ambrósio teria sido morto nesta batalha. (2*).
(1*) As listas de matrícula da Capitação apontam o “sumiço” de cerca de CINCO MIL escravos, exatamente no período de julho do ano de 1746 para julho de 1747, tendo a guerra acima ocorrido entre agosto e outubro de 1746.
Obs.: O pesquisador Tarcísio José Martins provou que esse fato fora plantado falsamente na carta da Câmara de Tamanduá, pois, o Primeiro Quilombo do Ambrósio NÃO fora destruído e o seu rei Ambrósio continuou vivo e reinando sobre sua Confederação Quilombola.
Lustosa voltou com ordens escritas do Capitão-General de São Paulo, fazendo-o seu delegado naquela região, a quem todos, em nome do próprio Rei, passariam a dever obediência e tributos. Gomes Freire teve de engolir o seu ódio por mais algum tempo.
Em 1748, as articulações de Alexandre de Gusmão, o paulista traidor de seu povo, levaram Gomes Freire ao delírio: Conseguiram que o Rei tirasse de São Paulo o predicamento de “Capitania”, transformando-a num simples “distrito” do Rio de Janeiro. Gusmão estava, na verdade, abrindo caminho para implantar o seu maldito Tratado de Madri, causa direta do genocídio guaranítico no Sul. A esta altura, Gomes Freire, também a mando de Gusmão e seu grupo, governava de fato toda a “Repartição Sul”. O Capitão-General de São Paulo recebeu ordens do Rei (na verdade de Gusmão e de Dom Gaspar) para tomar o primeiro navio e retornar urgentemente para Lisboa.

Gomes Freire, nessa ocasião, mandou buscar, confiscar, TODOS os livros administrativos da extinta Capitania de São Paulo. Grande parte desses documentos, “sumiram” no Rio de Janeiro. Isto explica, em parte, o desconhecimento dos fatos agora elucidados e tornados públicos pelo pesquisador Tarcísio José Martins. Mesmo em nível do Arquivo Ultramar essa supressão é evidente: digitalizados, os documentos de Minas compuseram 54 CD’s; os de São Paulo não passam de 11 CD’s. Ora, as vilas paulistas eram no mínimo 150 anos mais velhas que as vilas das Minas Gerais.

Lustosa, a convite de Gomes Freire, foi obrigado a ajudar a Tomaz Rubim de Barros Barreto a fazer a nova demarcação da região, abocanhando aquele território paulista que, desde então, passou a pertencer às Minas Gerais, mais ou menos com as confrontações que, hoje, têm esses dois Estados brasileiros. Não pôde, porém, abocanhar o Triângulo Goiano, conforme planos do grupo de poder de Gusman, o paulista traidor de seu povo.
Depois disto, Gomes Freire cobrou de Lustosa o Imposto da Capitação que, no período anterior, deveria ter cobrado dos jurisdicionados da região do Sapucaí. Lustosa nunca cobrara a Capitação naquela região e, assim, teve que fugir para o Paraná(*), isto, por volta de 1749/50. (*) Viria a se tornar um dos principais da Vila de Curitiba.

Os povoados do Campo Grande ficaram à sua própria sorte. Mas, Gomes Freire não pôde, ainda, concluir a sua destruição. Morreu dom João V, sendo sucedido por dom José I, cujo Primeiro Ministro foi o Marquês de Pombal. O tributo da Capitação foi extinto imediatamente pelo novo ministro.

A política sofreu muitas transformações. Alexandre de Gusmão e dom Gaspar foram escorraçados pelo novo rei de Portugal, Dom José I, e seu novo ministro. Gomes Freire perdeu um pouco de poder na Colônia. Recebeu determinação para cuidar da demarcação das fronteiras do Sul, juntamente com espanhóis. Prevaleceu a decisão do rei anterior (na verdade de Gusmão) de que fosse o comandante da implantação do maldito Tratado de Madri. Deixou em seu lugar, nas Minas, o seu próprio irmão, José Antônio Freire de Andrade.
Deixou ordem para que seu irmão não provocasse mais os paulistas, cuja nobreza estava esparramada pelos quatro cantos da Colônia, ocupando cargos dados pelo próprio Gomes Freire, em outras capitanias, de forma a manter a Capitania de São Paulo sempre despovoada de seus “homens bons”, de sua “nobreza”.

A região do “Sapucaí” (margem esquerda do Rio Grande) estava demarcada, mas NÃO conquistada. Estava estrelada de povoados de pretos forros e brancos pobres, todos renegados e hostis a qualquer governo.
José Antônio Freire de Andrade mandou que o Pe. Dr. Marcos Freire de Carvalho marchasse com uma expedição para, em nome do Bispado de Mariana, tomar posse da região, isto, em 1752.

Mal o padre e sua tropa adentraram o Campo Grande, foram massacrados pelos quilombolas, provavelmente liderados pelo próprio Rei Ambrósio – que então, não morrera em 1746 – perdendo, o padre, a sua preciosa carga e todos os seus escravos para os quilombolas.

Ante este fato, o Bispado de São Paulo abriria (anos mais tarde) ação contra o Bispado de Mariana, junto aos tribunais de Roma, onde, provando posse mais antiga, recebeu parecer favorável à continuidade da sua posse sobre a região. Neste sentido, muitas das paróquias do atual Sudoeste de Minas, até meados do passado século XX, AINDA pertenciam ao Bispado de São Paulo.

Assim, aquela região riquíssima, apesar de conquistada no Cível – pois no Eclesiástico continuava a pertencer ao Bispado de São Paulo – continuou na posse, de fato, dos QUILOMBOLAS e AQUILOMBADOS do Campo Grande.

Em 1756 há uma denúncia, provavelmente falsa, de que os quilombolas do Campo Grande planejavam, também na Quinta-feira Santa (como na falsa sublevação dos negros inventada pelo conde de Assumar em 1719), roubar as armas dos brancos e dos pretos forros (*), enquanto estes estivessem nas igrejas, e, com essas armas, matar a todos, só perdoando as mulheres e as crianças.

(*) Extinto o imposto da Capitação, os forros renegados foram incentivados a voltar para as vilas oficiais.
As correspondências do governo sobre esta ameaça de 1756 se revelam “cópias atualizadas” dos fatos e falsas providências ocorridas em 1718/1719 (época do conde de Assumar), simulando ou fingindo que NADA teria ocorrido no documentadíssimo ataque ao Ambrósio de Formiga/Cristais em 1746. Este fato é claramente perceptível.

Mas, em 1757 o Governador José Antônio ainda escrevia ao Rei e ao seu irmão Gomes Freire sobre o assunto. Nesse ano, contratou dois paulistas renegados, Diogo Bueno e Bartolomeu Bueno do Prado, para arregimentarem e treinarem tropas para destruir o Campo Grande.
Em 1758, Diogo Bueno, não conseguindo recrutar ninguém, pois todos os convocados fugiam ao saber de sua presença, não pôde fazer qualquer ataque às Relíquias do Primeiro Quilombo do Ambrósio. Acabou sendo subordinado às tropas de seu primo, que descobrira novos quilombos no Campo Grande.
No período de setembro a novembro de 1759, Bartolomeu Bueno do Prado, com uma tropa de cerca de 400 homens (entre brancos, índios e capitães do mato), armados até com granadas e montados em cavalos, atacou e destruiu os seguintes quilombos:)
08 – Quilombo do Ambrósio II – o de Ibiá / Campos Altos (encontrado vazio). Destacamos, delimitando de norte para sul, a inteireza do verdadeiro Sítio Ambrosiano, bem maior do que aquele que, equivocadamente no tempo e no espaço, foi tombado pelo IPHAN: Destacamos os seguintes nomes constantes de mapas antigos:
A) Alto do Quilombo, onde ficam atualmente a capela de Santa Rosa de Lima e a Escola Municipal Quilombo do Ambrósio;
B) sudeste do ponto acima, fazenda Samambaia, nascentes do córrego de mesmo nome, onde se localizaria o Quilombo Samambaia, supostamente atacado em 1769 a mando de Pamplona que, depois, na sequência acima, o visitou. Seu escrivão desenhou um croqui deste quilombo.
C) Ao sul do Alto do Quilombo, a fazenda do Quilombo I, margem direita do ribeirão do Quilombo, esta em Ibiá;
D) Fazenda do Quilombo II, dentro da forquilha, à margem direita do córrego do Quilombo do Ambrósio;
E) Fazenda do Quilombo III, margem esquerda do córrego do Quilombo do Ambrósio, em Campos Altos (?);
F) sítio indicado no mapa e croqui desenhados pelo escrivão de Inácio Correia Pamplona, margem esquerda das nascentes do córrego do Quilombo do Ambrósio, vertentes do córrego do Chumbado;
G) Morro da Espia, sul da fazenda do Quilombo III;
H) foz do córrego das Guaritas no Misericórdia, divisa de Ibiá e Campos Altos, cujas nascentes vêm da Fazenda das Guaritas, entre os municípios de Rio Paranaíba e São Gotardo;
I) a oeste de Tobati, local chamado Fazenda de Santo Antônio do Quilombo, margem direita de um outro córrego do Quilombo, que deságua no córrego do Ourives, depois córrego Fundo que deságua no Quebra Anzol ao sul de Ibiá. Este seria, na verdade, o São Gonçalo II.
Todos os locais acima indicados, segundo o mapa “das divisas” feito por José Joaquim da Rocha em 1780, estavam situados dentro dos limites da Capitania de Goiás de então. Tudo isso se comprova no Livro de Registro Paroquial de Araxá de 1755-1757, que Carlos Magno Guimarães e seus sabichões do IPHAN não se deram ao trabalho de pesquisar.
Quanto ao “Quilombo do Ambrósio – Despovoado” do mapa do capitão França, as posses civil e eclesiástica NÃO se referiram a esse quilombo, porque estava dentro da Capitania de Goiás, criada em 1748. Já a petição do neto de Bartolomeu Bueno do Prado, bem como, suas testemunhas – algumas presenciais – fizeram referência a “Campo Grande” e “Campogrande”, possivelmente relativa ao Ambrósio II do mapa do capitão França. Almeida Barbosa, sem mencionar a fonte, se refere a “Quilombo Grande”, não referido pelas testemunhas do neto de Bartolomeu Bueno do Prado que se referiram isto sim, a “Quilombo Queimado” como nas atas da Guardamoria de Carrancas.

08.1 – (Mapa: 19) Segundo Quilombo do Ambrósio, apontado no Mapa de França, em 1760, como “despovoado”. Este fato é confirmado por documentos que revelam que esse quilombo, em 1759, estava “evacuado”, o que estreita o significado do termo. Seus paióis, inclusive, foram encontrados abarrotados de alimentos: localizava-se em território do atual município de Ibiá/MG. Bartolomeu deixou guardas vigiando o Paiol do Quilombo (sítio tombado erroneamente pelo IPHAN como se fosse o Ambrósio atacado em 1746 em Formiga/Cristais) e marchou a oeste, rumo ao Quilombo da Pernaíba, para onde teriam fugido os quilombolas do Ambrósio II, o de Ibiá.
09 – (Mapa: 24) Quilombo ou Povoado da Pernaíba, com 70 casas, população estimada em 420 habitantes: localizava-se nas nascentes do rio do Dourados, afluente esquerdo do Paranaíba, precisamente às margens do córrego do Quilombo, afluente do córrego Feio que faz barra no rio Dourados, a nordeste da atual Patrocínio-MG   (que na época pertencia à Goiás). Apesar da pequena população estimada, Bartolomeu acusou uma “monstruosidade de cachorros” na batalha acirrada contra os negros, onde a maioria morreu lutando, tendo, alguns fugido no rumo da Serra da Marcela. Em dezembro desse ano, Gomes Freire trouxe a informação de que o Rei do todos os Quilombos, o Rei Ambrósio, fora contado entre os mortos nesse quilombo de Patrocínio, MG.

10 – (Mapa: 20) São Gonçalo, apontado como “despovoado”; também não traz a referência “quilombo”: localizado nas cabeceiras do atual rio São João, entre a sede do atual município de Rio Paranaíba e Guarda dos Ferreiros (distrito de São Gotardo), na diagonal indicada pelas toponímias Facadas de Baixo, Facadas de Cima, fazendas Caetés e Desbarrancado, Lagoa do Mar até a nascente esquerda do rio São João e ribeirão Guarda dos Ferreiros em São Gotardo. Notícias posteriores deram conta de que esses quilombolas, vitimados por violenta epidemia de bexigas, mudaram o quilombo para o atual centro-sul do município de Ibiá, atual toponímia Fazenda Santo Antonio do Quilombo, margem dos atuais córrego do Quilombo e ribeirão Quebra Anzol. Por isto não foram atacados por Bartolomeu Bueno do Prado.
11 – (Mapa: 23) Quilombo ou Povoado do Indaá, com 200 casas: esse quilombo é provavelmente o mesmo apontado em um croqui que Pamplona mandaria desenhar em 1769 com o nome de “Quilombo chamado do Rio Perdição”, cujas indicações toponímicas são repetidas em dois conjuntos de lugares vizinhos, a sudoeste de Santa Rosa da Serra e a noroeste de Córrego Danta, nas divisas de Campos Altos, Córrego Danta e Tapiraí. Atacado em 16 de dezembro de 1759, domingo, apesar da população estimada em 1.200 habitantes, carta de Bartolomeu Bueno noticia a morte de apenas 25 negros e a prisão de 20 outros.

12 – (Livro: 25) Quilombo ou Povoado da Marcela: este quilombo não constou do Mapa de França, mas pôde ser localizado por referências em outros documentos. Localizava-se provavelmente no local chamado Fazenda da Marcela, toponímia antiquíssima em território do atual município de Luz. O ataque foi feito na sequência do Indaiá, havendo apenas a informação de que “atacou um outro quilombo, onde os que se puderam contar foram 49, altura em que “o número de presos” não passava de “sessenta”, noticiou Bartolomeu Bueno do Prado.
12.1 – Enquanto isto, no Quilombo Grande, nominado no mapa do capitão França como Quilombo do Ambrósio – Despovoado. Lembremo-nos de que ordenara “Bartolomeu Bueno, se montasse guarda junto aos paióis, para o caso de virem alguns negros buscar mantimentos, (…)”.
Isto ocorreu: “Uns cinquenta ficaram por aí, e juntamente com outros cinquenta, que abandonaram seus senhores, em determinado dia – 29 de setembro (sábado) – regressaram ao Campo Grande; outros se dirigiram a Mariana, também aliciando gente para voltar”. Estas informações devem ter sido obtidas exatamente com os aprisionados que vieram buscar mantimentos, como registrou Almeida Barbosa.
Assim, esses prisioneiros foram conduzidos, e os paióis e roças do Ambrósio II foram incendiados por esta subdivisão das tropas de Bartolomeu Bueno do Prado. Estas teriam sido as ruínas encontradas por Inácio Correia Pamplona em 1769. As mesmas que foram erradamente tombadas pelo IPHAN como se fossem resquícios do ataque de 1746 feito pelo capitão Oliveira contra a Primeira Povoação do Ambrósio em Formiga, Cristais e adjacências.

13 – (Mapa: 21) Quilombo ou Povoado do Mammoí, Quilombo do Bambuí, com 150 casas: Sua localização comporta duas hipóteses:
13.1 – O Quilombo do Mammoí indicado no mapa do capitão França. Veja-se que  a oeste, pela serra da Boa Vista, existe o povoado de Altolândia e as toponímias “Fazenda Ouro Fala” e “Caatinga” ou “Catinga”. Ao sul de Altolândia, margem direita das nascentes do ribeirão do Bonsucesso, tem a Fazenda Guaritas, nome que, nos quilombos, define os locais de “espia”, geralmente um morro de localização privilegiada. Nesta fazenda há as nascentes do córrego da Guarita que deságua no rio Bambuí. Esse córrego corta em diagonal um quase-quadrado formado pelos córregos Grande, Laranjeira e do Cascalho, fechado ao sul pelo próprio rio Bambuí.
Assim, o Quilombo do Mammoí ficaria à margem direita do rio Bambuí em algum lugar do território acima delimitado, pertencente aos atuais municípios de Tapiraí e Medeiros.
13.2 – Vicente Pereira de Paiva Bueno, o neto de Bartolomeu Bueno, bem como sete de suas testemunhas, fazem, em 1800, referência a esse quilombo nominando-o como “Bambuí”. A 15ª testemunha, José Rodrigues de Oliveira, homem branco, solteiro, morador na Freguesia das Lavras – e que esteve presente na batalha – fez referência a “quilombo do Bambuí, que este está feito Arraial”, referência que, salvo melhor juízo, poderia significar que o próprio quilombo virou (em 1800) o Arraial de Bambuí, hoje cidade de Bambuí.
As atas de posse civil e eclesiástica de 1759 fizeram referências expressas a esse quilombo. A eclesiástica menciona que os quilombos de Mambuí e Indajá “confronta um com o outro”, o que se confirma na geografia indicada.

O mapa do capitão França aponta 150 casas nesse quilombo, o que, à base de seis habitantes por casa, traduziria uma população de 900 pessoas. Almeida Barbosa, sem citar a fonte documental, informou que “O Quilombo do Bambuí estava, parece, bem guardado; pois a ele a expedição chegou quase de repente. O ataque foi duro. A resistência tremenda. E a luta muito séria. Tão séria que alguns atacantes se acovardaram. Um considerável número de infelizes negros teve o rio Bambuí por sepultura. Do grande número de mortos insepultos se tinha notícia pelos corvos que os andavam comendo. Informação do comandante acrescenta que muito pouco ou nenhum conseguiu fugir. Entre negras e crias, fez 59 prisioneiros. Em vista da resistência, os negros não foram poupados”. Negros e Quilombos em Minas Gerais, p. 49.

14 – (Mapa: 22) Quilombo ou Povoado de Ajudá, apontado no Mapa como despovoado e não traz a referência “quilombo”: Este quilombo ficava também em território da atual Bambuí. Há o rio Ajudas que deságua na margem esquerda do São Francisco. À sua margem esquerda, norte de Piumhi e sul do município de Bambuí, recebe o córrego do Quilombo, em cuja margem direita há a Fazenda Quilombo. Acreditamos ser este o local apontado pelo mapa do capitão Antônio Francisco França.

Inexistem evidências de que as tropas de Bartolomeu Bueno tenham atacado esse núcleo, cujo balãozinho dando-o como “despovoado” no mapa do capitão França, não contém a palavra “quilombo”.
Ao final desses ataques, quase que só há notícias de pretas (mulheres) presas nos quilombos supracitados. A interpretação dos fatos em face dos poucos documentos não deixa dúvida de que a captura dos quilombolas foi a exceção, e, o morticínio, a regra de Bartolomeu Bueno do Prado.

Daí, Bartolomeu e suas tropas foram para o Piuhim (hoje, cidade de Piumhi/MG) onde se encontraram com parte das tropas que, ali, havia ficado na espreita. Deixaram ali amarradas as pretas e uns poucos pretos quilombolas que fizeram prisioneiros e partiram, agora – segundo suspeitíssimos documentos – para o SAPUCAÍ, que “dizem ser o mais antigo e populoso de todos os quilombos”.

Nunca existiu um quilombo com o nome de Sapucaí. O Mapa do Campo Grande e demais documentos demonstram que, sob a notícia de ser um único quilombo, de nome “Sapucaí”, Bartolomeu atacou e destruiu, na verdade, TREZE povoações de pretos forros.

15 – (Mapa: 8) Assim, a tropa de Bartolomeu, agora reforçada pelas tropas de mais três de seus capitães, com um contingente de mais de 500 homens, atravessou o rio Grande e tomou o já destruído Quilombo ou Povoado do Fala ou do Agoapé, hoje município de Guapé/MG. Vejamos os demais “quilombos” atacados.
16-(Mapa: 9) Quilombo ou Povoado das Pedras; não aponta o número de casas: provavelmente se localizava em território do atual município de Alpinópolis/MG, cuja toponímia grita até hoje vários nomes a indicar que já teve mais de três quilombos. Este Quilombo das Pedras deve ter sido atacado nas guerras de 1746.

17 – (Mapa: 10) Quilombo ou Povoado das Goiabeiras, com 90 casas e um rego d’água de uma légua de comprido: o pesquisador Tarcísio encontrou, através do Google Earth, resquícios não de um, mas de dois pares de regos d’água, que numa sequência quebrada por um corgo, mantêm o rumo sul-nordeste, desaguando num lugar cheio de sinais que indicam antigas lavras. Este sítio, entre Ibiraci e Cássia, fica ao norte de Capetinga, com ponteiro central às coordenadas 20º33’25. 57”s e 47º03’36.73”w, colhidas no Google Earth. Visitou o local em companhia dos colegas Júlio Pereira e Limonti Júnior, além dos amigos Jacinto Honório Silva e Rui de Lima, também moradores de Ibiraci/MG, confirmando a hipótese de que este quilombo seria aquele chamado pelo neto de Bartolomeu Bueno do Prado de Quilombo do Desemboque. França apontou a existência de 90 casas, o que, considerado o número de seis habitantes por casa, daria uma população de 540 pessoas. Tendo em vista a necessidade de se manter segredo, os objetivos de impedir as fugas e não deixar sobreviventes devem ter sido seguidos à risca pela tropa. Portanto, não deve ter havido sobreviventes.
18 – (Mapa: 17) Quilombo ou Povoado do Xapeo (Chapéu), com 70 casas: a 1ª edição o localizara em território do município de Monte Belo/MG (nordeste), distrito de Santa Cruz Aparecida/MG, o que agora retifica. O sistema de sobreposição reorientada e a toponímia encontrada indicaram-nos, ao invés do nome “Chapéu”, um local onde poderia ter existido o “Quilombo Nova Angola Casas 90”, mencionado por Almeida Barbosa como “Morro da Angola” e confirmado como “Quilombo da Angola” no processo de Paiva Bueno em 1800. O Google Earth aponta o fertilíssimo vale do córrego da Angola, altitudes de 930 a 830 metros de oeste para leste, aos pés de um morro de 1073 metros, situado às coordenadas 20º50’17.14”s e 47º03’14.82”w, entre os topônimos Fazenda Sta. Cecília e Fazenda Córrego dos Monjolos, numa curva em “S” da estrada leste que liga São Sebastião do Paraíso/MG a São Tomás de Aquino/MG. Considerado o acuse de 90 casas para o Quilombo Nova Angola no mapa de França, esse quilombo teria uma população de 540 almas, estimando-se 6 habitantes por casa.

Almeida Barbosa dá a seguinte notícia: “Há ainda o auto de posse do Quilombo do Morro da Angola; nesse foram presos 25 negros, algumas crias, quase todos de nação Angola. Circunstância digna de registro é essa de um quilombo com predominância da mesma nacionalidade”. Assim, caso não tenha havido fugas, o número de mortos pode ter passado dos quinhentos.
19 – (Mapa: 11) Quilombo ou Povoado da Boa Vista II, com 137 casas: na 1ª edição, o pesquisador entendeu que este quilombo se localizasse em território do atual município de Capetinga/MG (sul), entre São Tomaz de Aquino/MG e Pratápolis/MG, ao extremo norte de São Sebastião do Paraíso/MG, o que agora modifica, dadas as indicações de que este poderia ser, na verdade, o Pinhão ou o Chapéu. Vejamos:
19.1 – Hipótese Pinhão-Pinheirinho: A) Fazenda e Escola Pinheirinho, tendo ao centro uma capela de Nossa Senhora Aparecida no sul equidistante de Santo Antonio da Alegria-SP e Itamogi-MG, a noroeste do município de Monte Santo de Minas. B) Margens direita e esquerda do Ribeirão Pinheirinho, sul de Itamogi/MG e oeste-noroeste de Monte Santo de Minas/MG, topônimos Fazenda Cachoeirinha, represa Pinheirinho e Serra Monte Santo e ainda Serra do Jambeiro, Fazenda da Boa Vista e, ao nordeste urbano de Monte Santo, Fazenda Angola.

19.2 – Hipótese de ser o Quilombo do Chapéu: Considerando o auto da posse do ribeirão São Pedro de Alcântara e Almas de 1761, informando sobre as cabeceiras desses rios e do São João, diz que ficam num local que, “por introdução se chama MORRO DO CHAPÉU”, as nascentes dos rios Pinheirinho, Santana, São Pedro de Alcântara, Mamute e São João Pequeno, o local assinalado no mapa do capitão França como 2º “Boa Vista” poderiam indicar o “Quilombo do Chapéu”, localizado entre Jacuí e Monte Santo de Minas/MG, marcado por uma das seguintes elevações: Morro Vermelho, Serra de Santana, Pedra do Mamote e Morro do Bandar.

Assim, caso essa posição do Boa Vista II indique o Quilombo do Pinhão ou Pinheirinho, com 100 casas, sua população seria de 600 pessoas; caso indique o Quilombo do Chapéu, com 137 casas, sua população seria de 822 pessoas. Não encontramos notícias de prisioneiros, nem de fugitivos e nem de mortos o que, sem dúvida, deve ter ocorrido, pois houve o ataque a este quilombo.
Há notícia da posse, inclusive eclesiástica, do Pinheiro. Portanto, aqui também o padre João Correia de Melo deve ter celebrado todas as cerimônias da praxe de seu cargo de representante de Mariana/MG.

20 – (Mapa: 12) Quilombo ou Povoado da Nova Angola, com 200 casas: o pesquisador confirma o entendimento que esposou na 1ª edição do seu livro Quilombo do Campo Grande, pg. 192: Este na verdade é mesmo o Quilombo do Cala-Boca. A segunda edição assim o localizou: “Trata-se, o todo do Cala-Boca, de um sítio de cerca de 25 quilômetros quadrados, entre os territórios de Guaranésia/MG e Guaxupé/MG, tendo ao centro o fértil vale do córrego Cala-Boca, cujas nascentes ficam na Fazenda Cala-Boca e, a foz, no rio Guaxupé. A oeste da Fazenda Cala-Boca, em Guaranésia, há dois montes de 1037 e 1044 metros de altura. A leste da Fazenda, norte da sede municipal de Guaxupé, fica o monte mais alto da região, com 1083 metros. Este último, segundo se vê no Google Earth, já apresenta estranhas construções que desmataram e macularam tão belo monumento da História Quilombola do Campo Grande. Esse Quilombo Cala-Boca é apontado no mapa do capitão França com 70 casas o que traduziria uma população de 420 pessoas. As posses do padre João Correia de Melo incluíram o Cala-Boca cujos habitantes devem ter sido exterminados, havendo na sequência o ritual macabro do corte das orelhas dos pretos mortos e enterro apenas dos brancos em valas comuns”.
21 – (Mapa: 15) Quilombo ou Povoado do Pinhão, com 90 casas. Confirma-se a 1ª edição do livro Quilombo do Campo Grande, pgs. 193/194, pois a sobreposição ratificou que este é mesmo o Quilombo do Zondum. A 2ª edição assim o localizou, pg. 709: “Repartindo suas nascentes com as vertentes direitas do Mamote, o ribeirão do Zundum escorre oeste-leste em fertilíssimo vale até a Fazenda Zundum, onde deriva a norte-nordeste indo desaguar no Ribeirão São João. Entre o córrego das Pedras e o vale do Zundum está a sucessão de montes chamados Serra do Zundum, divisa sudeste de Jacuí/MG e noroeste de São Pedro da União/MG. Como se vê a topografia manteve o nome do afamado quilombo até os dias de hoje. O mapa do capitão França registrou que o Zundum tinha 80 casas, o que corresponderia a uma população de 480 pessoas”. Não há notícia dos resultados, mas o morticínio deve ter ocorrido. “Há notícia da posse, inclusive eclesiástica, do Zundum. Portanto, aqui também o padre João Correia de Melo deve ter celebrado todas as cerimônias da praxe de seu cargo de representante de Mariana”.

22 – (Mapa: 16) Quilombo ou Povoado do Caetê, com 80 casas: a 1ª edição do livro Quilombo do Campo Grande entendera que esse era o Pinhão e que se localizasse em território do atual município de Nova Resende/MG. A 2ª edição reconferiu sob o critério da sobreposição do roteiro em “LA” da expedição de Bartolomeu Bueno do Prado, mudando o entendimento, uma vez que este poderia ser o “Quilombo da Boa Vista (II) Casas 200”, deslocando a sul, oeste e nordeste a localização. Os afluentes esquerdos do ribeirão da Conquista apontados no mapa do capitão França só podem ser dois entre o córrego Boa Vista/das Areias, ribeirão Conquistinha e/ou córrego das Almas.

22.1 – Primeira Hipótese: nascentes do córrego Boa Vista, entre a fazenda da Boa Vista e serra da Ventania, primeira seção, margem esquerda do Conquistinha, tendo mais ao sul da Ventania, a serra da Conquista.

22.2 – Segunda Hipótese: Fazenda da Boa Vista (norte), margem direita do rio São João e Fazenda da Boa Vista (sul) nascentes do córrego de mesmo nome, afluente esquerdo do rio São João, a noroeste e oeste de Bom Jesus da Penha, projetando a toponímia Boa Vista de França para oeste, na região identificada pelos seguintes pontos:
a) Serra do Dondó e Fazenda das Almas, barra do córrego das Almas, margem esquerda do ribeirão da Conquista.
b) Serra do Veado, que divide as nascentes do córrego do Fanqueiro e córrego do Ouro, destacando-se o território compreendido as atuais toponímias Fazenda Córrego do Ouro, Sebastião Juventino, Fazenda do Monge, córrego Cafundó e Fazenda Cafundó, na barra desse córrego no ribeirão das Almas, além do Cafundó de Cima, a noroeste de Petúnia (Nova Resende/MG).

A considerar o significado dos nomes atribuídos à toponímia e as referências nos documentos de 1755, 1759, 1761, 1762 e 1764, essa região, a oeste da atual Bom Jesus da Penha/MG, era uma das mais auríferas da região. Nenhum quilombo com este nome ou semelhante constou das posses civis ou eclesiásticas; também os descendentes de Bartolomeu Bueno não incluíram em suas glórias a destruição deste Boa Vista. Porém, segundo o mapa do capitão França, este quilombo existiu. O nome do Quilombo da Boa Vista II, portanto, só constou do mapa do capitão França. Suas 200 casas, considerados seis habitantes por casa, traduziriam uma população de 1200 pessoas.

23 – (Mapa: 14) Quilombo ou Povoado do Zondum, com 100 casas: a 1ª edição, pg. 195, entendera que este era o quilombo do Caetê e que se localizasse em Nova Resende/MG. A 2ª edição do livro, pgs. 711/712, manteve o entendimento, acrescendo a alternativa de que poderia ter sido também o Quilombo do Chapéu. Vejamos:

23.1 – Nota-se na toponímia de Nova Resende/MG, de oeste para leste: a) Fazenda da Contenda, sul de Bom Jesus da Penha; b) Córrego e Fazenda da Gurita, sudeste da Contenda; c) Serra do Estanho, córrego, morro e povoado da Ibituruna, Lagoa, serra Pelada e córrego do Cavalo, nascente principal do ribeirão da Conquista; d) Lava-Pés, nas nascentes principais do rio São João; e) Caeté e capela de Nossa Senhora Aparecida, barra do córrego Caeté no rio Claro, possível afluente do Correnteza que vai desaguar no rio Sapucaí ao sul de Barranco Alto/MG. Como se vê, a toponímia Caeté, atrai e reitera a hipótese de ter-se localizado nesse território este Quilombo.

23.2 – A hipótese de se tratar do Quilombo do Chapéu (segunda alternativa para o Chapéu), também encontra suporte na coincidência da geografia com a descrição feita na ata da posse civil de 3 de outubro de 1761 aos rios São João, São Pedro de Alcântara e Almas, informando que eles “têm confrontações com o rio Pardo e Sapucaí das Campanhas” num local chamado MORRO DO CHAPÉU, isto, “por introdução”, porque este morro “divide as águas para o rio de São João e rio Pardo, e de Sapucaí da Campanha, cujas águas juntas obedecem ao rio de São João, que faz barra no rio Grande”. Essa indicação, como se viu, dadas as imperfeições do mapa do capitão França, foi aventada anteriormente, para indicar que o Chapéu poderia se situar entre as atuais Jacuí/MG e Monte Santo de Minas/MG. A menção das contravertentes do “Sapucaí da Campanha”, justifica essa nova hipótese.

Assim, tratando-se do Quilombo do Caeté com suas 90 casas, a população estimada seria de 540 habitantes; considerando tratar-se do Quilombo do Chapéu com suas 137 casas, sua população seria de 822 quilombolas. O padre preto João Correia de Melo não mencionou em sua posse o Quilombo do Chapéu, cuja existência é confirmada por documentos paulistas e mapa do capitão França. Caeté constou das posses do padre.

24 – (Mapa: 13) Quilombo ou Povoado do Cala Boca, com 90 casas: a primeira edição atribuíra a este local o nome do Quilombo do Chapéu, o que na 2ª edição retificamos para as hipóteses de ser o Caeté ou o Pinhão, mantendo, porém, a mesma coincidência de sobreposição do mapa do capitão França com os topográficos.

24.1 – Hipótese Caeté: Segundo carta 1:50.000 de Nova Resende/MG, 1970, compreende o território a sudeste do Caeté de Nova Resende/MG, incluindo, ao sul da serra dos Chagas, todo o vale do córrego do Quilombo que nasce na fazenda Manduré e corre oeste-leste; depois deriva a sul e vai desaguar na margem esquerda do rio Muzambo, em território da atual Alterosa/MG. A carta de 1951, Carmo do Rio Claro, 1:100.000, mostra o córrego do Quilombo nascendo na Fazenda Bela Vista, oeste da Serra dos Chagas, localizando a toponímia Quilombo, entre a Fazenda Chagas e Água Parada, onde o córrego do Quilombo recebe o nome de Remanso, indo desaguar no Muzambo com o nome de São Bartolomeu. O Google Earth confirma as nascentes dadas pela carta de 1951 e, o local do Quilombo, onde o primeiro mapa aponta a Fazenda do Quilombo. Ponteiro Google Earth a 21º12’20.86”s e 46º15’20.39”o – 815 mts.

24.2 – Hipótese Pinhão: Considera-se o local chamado Pinhal pela carta 1:100.000 de Carmo do Rio Claro/MG, entre as fazendas baixo e Pinhal apontadas na carta 1:50.000 de Nova Resende, margeando o córrego de mesmo nome que faz barra no Muzambo, margem oposta e pouco abaixo do córrego do Quilombo.
Assim, tratando-se do Quilombo do Caeté com suas 90 casas, a população estimada seria de 540 habitantes; considerando tratar-se do Quilombo do Pinhão com suas 100 casas, sua população seria de 600 quilombolas. O Caeté constou da posse do padre Melo; Pinhão não constou.

25 – (Mapa: 18) Quilombo ou Povoado do Careca, o maior de todos, com 220 casas: localizava-se em território do atual município de Divinolândia, no Estado de São Paulo. A 2ª edição confirmou totalmente esta hipótese. O neto de Bartolomeu Bueno e as testemunhas de seu processo em 1800 não fazem qualquer referência ao Quilombo do Careca, mas todas elas se referem ao “Quilombo das Cabeceiras do rio Pardo”. Disserem ainda que, nesse quilombo “(…) se acharam cento e noventa e sete casas, todas barreadas e de beira alta”. Como se vê, o “Quilombo das Cabeceiras do Rio Pardo” citado pelo neto de Bartolomeu Bueno do Prado tem em comum com o Arraial de “N. S. da Conceição das Cabeceiras do Rio Pardo, hoje Caconde”, exatamente a expressão “Cabeceiras do Rio Pardo”. Assim, o Quilombo do Careca do mapa do capitão França, ou Careco/Careca e “mais sertões adjacentes ao rio Pardo” da posse eclesiástica de 28 de outubro de 1759, seria o mesmo que Bartolomeu Bueno do Prado incendiou e “tomou posse para a Câmara de São João”.
As testemunhas do neto de Bartolomeu afirmaram que as 197 casas desse quilombo eram “todas Barreadas e de Beira Alta”. O mapa do capitão França atribuiu-lhe 220 casas.
A população de 1182 ou de 1320 pessoas pode ter sido totalmente exterminada, o que explicaria a vala comum – possivelmente sob a capelinha nas nascentes do córrego das Contendas – onde podem ter sido enterrados os brancos do quilombo, mas que os habitantes mais antigos de Divinolândia pensavam ser um “cemitério de índio”.

Aqui se encerra a sequência, interligada por uma “trilha”, dos quilombos “do Jacuí” do mapa do capitão França, único lugar neste livro, em que pese terem roubado toda a história, onde o autor não resistiu e se valeu da crônica fundamentada para devolver a história dos Sertões do rio Grande e Jacuí.

26 – O pesquisador Tarcísio conseguiu localizar mais dois quilombos exterminados por Bartolomeu Bueno do Prado, mas que não constaram do mapa do capitão França. Vejamos:
“As testemunhas do processo do neto de Bartolomeu Bueno do Prado disseram em 1800 “que o dito avô do justificante, logo que se concluiu a repartição das Minas do Jacuí, rompeu o Sertão do Cabo Verde, onde descobriu igualmente minas de ouro, que tendo também repartido ao povo, ali se edificou um arraial e povoação que até o presente se conserva extraindo ouro com utilidade comum e do Real Erário, e mais não disse desta”.
Cinco anos depois, entre 30 de setembro e 5 de outubro de 1764, a comitiva do governador Luiz Diogo marchando de Jacuí a Cabo Verde passou pelo Quilombo do Zundum, serra do Dumbá, Pouso da Desesperação, Sítio da Alegria e finalmente chegou ao Arraial do Cabo Verde.
Ao final de 1759 ou inícios de 1760 foi que Bartolomeu Bueno se dirigiu para Cabo Verde. As testemunhas de seu neto deram notícia no processo de 1800 dos seguintes quilombos não mencionados no mapa do capitão Antônio Francisco França:

26.1 – Quilombo do Marimbondo: A oeste do Zundum, registram-se os topônimos Fazenda do Marimbondo e Serra dos Marimbondos, margem esquerda do ribeirão São João, norte próximo de São Pedro da União/MG.

26.2 – Quilombo do Muzambo: Seria o Pouso da Desesperação mencionado por Luiz Diogo e apontado como “Quilombo” no mapa de seu roteiro e que, ainda hoje, consta dos mapas como Mocambo, palavra que apesar de ter acuses de significado similar em tupi, segundo Yeda Pessoa de Castro é mesmo sinônimo de quilombo, mas advém do quicongo, mukambu.

Portanto, o deslocamento ao Descoberto do Cabo Verde feito por Bartolomeu Bueno do Prado após a usurpação do Jacuí, tem total conotação com as declarações testemunhais da existência do Quilombo do Marimbondo e do Quilombo do Muzambo, em cujo trajeto de Jacuí/MG para Cabo Verde/MG, Bartolomeu Bueno deve ter trucidado e completado a sua coleção de orelhas mumificadas. Ao passar pelo Mocambo do Muzambo em 1764, o escrivão do Governador Luz Diogo, Cláudio Manuel da Costa, a ele se referiu como a Noite da Desesperação.

Portanto, com o alegado quilombo (Sapucaí) que era “o mais antigo e povoado de todos”, Gomes Freire e seu irmão tentaram esconder a verdadeira dimensão e número de povoações que trucidaram no atual Sudoeste Mineiro. Pedro Taques, historiador paulista que viveu na época dos fatos, no entanto, registrou que só no “Sapucaí”, Bartolomeu, pessoalmente, matara mais de 2.000 pretos.

Há outra notícia – do mesmo Pedro Taques – de que, no geral, Bartolomeu, após a última batalha de dez/1759, entregou cerca de 3.900 pares de orelhas ao Governador José Antônio Freire de Andrade. Os historiadores que tentaram ridicularizar Pedro Taques (contemporâneo aos fatos e parente de Bartolomeu Bueno) ficaram, agora, ridicularizados. O pesquisador Tarcísio constatou o seguinte:

“Sebastião Pimenta Ribeiro, “homem branco, casado, morador na Freguesia das Lavras onde vive de sua lavoura”, com mais de setenta anos quanto prestou depoimento em 1800 no processo do neto de Bartolomeu Bueno do Prado, ao ser inquirido sobre a ascendência de Bartolomeu Bueno do Prado, disse “que ele testemunha sabe pela razão de achando-se ele testemunha há muitos anos na cidade de São Paulo e na diligência de uma inquirição de gênere e, procurando saber certa circunstância ao sargento-mor Pedro Taques, este mostrou a ele testemunha um livro donde contava a ascendência da família do justificante, além de ser notório”.

Portanto, Pedro Taques deve ter tido detalhada notícia da mortandade do Campo Grande diretamente de Sebastião Pimenta Ribeiro, testemunha presencial do massacre, visto que o serviço de levantamento genealógico que fazia, por volta de 1765, diretamente com o linhagista, era para atender pedido do próprio Bartolomeu Bueno do Prado, de quem foi companheiro de batalhas no Campo Grande.

O Rei do Quilombo do Ambrósio, segundo notícias de 16 de setembro de 1759, dadas pelo próprio Gomes Freire de Andrada, teria sido contado entre os mortos ao final dessas batalhas, tudo fazendo crer que isto teria ocorrido na batalha do Quilombo da Pernaíba a norte da atual cidade de Patrocínio-MG.

Voltando ao Campo Grande do Sul e Sudoeste de Minas. Entre outubro e novembro de 1760, Antônio Francisco França, juntamente com Diogo Bueno, é encarregado de pesquisar ouro  nas Relíquias do Campo Grande, não atacadas em 1758. Saíram da Povoação dos Buenos (Hoje, município de Carrancas) e foram se arranchar no destruído Quilombo da Boa Vista I (*), provavelmente no extremo norte de Campos Gerais, entre Campo do Meio e Boa Esperança.
(*) Vide quilombos enumerados de 1 a 4, batalha de 1743, no início deste texto.
Itens 5 e 6 da versão anterior – Registrou-se que dali (do Boa Vista I, sul da atual cidade de Campos Gerais) marcharam a sudoeste e foram destruir o último paiol dos quilombolas. Depois, prosseguiram no rumo sudoeste e foram destruir o Povoado ou Quilombo do Cascalho II. Apesar da clareza das atas da Guardamoria de Carrancas, a localização dada a confusão de rumos do mapa do capitão França acabaram por demonstrar duas hipóteses ou duas sequências da expedição. Vejamos a conclusão registrada pelo pesquisador Tarcísio José Martins na 2ª edição de seu livro:
Primeira Hipótese: O Tapiché do mapa de França seria afluente esquerdo do rio Cabo Verde/Muzambo que deságua na margem esquerda do Sapucaí. Assim, esse Tapiché poderia ser:
a) Ribeirão São Joaquim que, nascendo a oeste de Alterosa, corre a leste e, antes de desaguar no Sapucaí, recebe o córrego do Cascalho em sua margem esquerda, havendo nas nascentes do córrego o lugar chamado Cascalho. Rio Sapucaí abaixo, margem esquerda, após a barra do São Joaquim, mapa de Carmo do Rio Claro, IBGE de 1951, 1:100 000, aponta um lugar chamado Paiol, entre o córrego do Meio e a Fazenda da Barra.
b) Ainda dentro desta primeira hipótese, o Tapiché do mapa do capitão França poderia ser o córrego do Quilombo do qual já falamos que nasce na Fazenda Manduré e serra dos Chagas, a sul do Caeté de Nova Resende, corre a sudeste e vai desaguar na margem esquerda do rio Muzambo de Muzambinho. O topônimo Quilombo da fazenda deste nome a norte de Conceição da Aparecida consta também no “Mapa Friedrich Wagner” de 1862. Apesar da contravertente, pode-se considerar o local como “cabeceiras do ribeirão da Conquista”, bem ao sudeste da Ibituruna e Serra Pelada.
c) O sítio descrito na alínea “a” supra, conteria o local do Paiol do Cascalho (Alterosa/MG, sul de Barranco Alto, norte de Alfenas/MG) e, o sítio descrito na alínea “b” supra, estaria a indicar o Quilombo do Cascalho (Muzambinho e Monte Belo) destruído pelas tropas de Bartolomeu e Diogo Bueno, conforme roteiro e balões descritivos do mapa do capitão França.

Segunda Hipótese: O ribeirão Tapixé do mapa do governador Luiz Diogo (1763-1767) coincide com as cartas 1970, 1:50 000 do IBGE, cujo nome atual é Itapixé (sic). Itapixé ou itapiché seria o mesmo que laje ou pedra queimada.
O ribeirão Itapixé tem sua nascente homônima nos locais marcados pelos topônimos Fazenda Triunfo e Capela Santa Terezinha. Corre serpenteando a noroeste até receber o ribeirão dos Carneiros, quando deriva radicalmente a leste, embocando rumo sul entre serras, contornando a do Barreiros a norte de Carmo do Rio Claro/MG, indo desaguar na Represa de Furnas que o engoliu e ao Sapucaí.
a) Considerando a indicação “nas margens do rio Tapiche (Itapixé)”, a toponímia abaixo indicada merece ser estudada.
1ª) Ao sul, margem esquerda do ribeirão Santa Quitéria, largo afluente esquerdo do rio Claro, merecem destaque os seguintes topônimos à margem direita do rio Claro, entre o seu desemboque no Santa Quitéria e deste no Sapucaí: serra dos Pinheiros, capela Nossa Senhora Aparecida, córrego Guarita e Taquaral; sudeste de Carmo do Rio Claro/MG e noroeste de Barranco Alto/MG.
2ª) Margem direita do Santa Quitéria: Fazenda Fortaleza e córrego dos Buenos, sul de Carmo do Rio Claro/MG.
3ª) Margem esquerda do Santa Quitéria: Mina do Cascalho e Fazenda Santana, sul de Carmo do Rio Claro/MG.
4a) Nascentes do rio Santa Quitéria, ribeirão da Contenda que, em seu início se chama córrego Três Barras, a sul das serras das Posses, do Gregório e da Contenda, e da Santana, oeste distante para próximo de Carmo do Rio Claro/MG.
5ª) Quadrilátero formado pelo rio Cancã que nasce na serra do Gregório e desce no rumo noroeste-norte até a fazenda do Quilombo em sua margem direita, nascentes do córrego dos Carneiros que corre a leste e deságua no Itapixé, cujas nascentes sudeste passam por Mandembo e, ao sul, circundam as serras Itajaó e serra da Contenda, fechando o sítio que, ao meio, de norte para o sul, margem direita do Cancã, tem a chamada serra do Quilombo.
Obs.: Segundo o mapa do capitão França, aí ficaria a serra de Pedro Franco, possivelmente referida na posse eclesiástica antecipada de 28 de outubro de 1759 através da expressão Pedro Franco até o Quilombo Velho. O mapa do capitão França pode ter confundido as cabeceiras do ribeirão das Conquista, com as do rio Cancãs.
b) A considerar a indicação “cabeceiras do ribeirão da Conquista”, margem esquerda dessas nascentes, como indica o balão “Quilombo do Cascalho – casas 80” no mapa do capitão França merecem estudos as seguintes indicações:
1ª) Serra da Conquista, margem esquerda do ribeirão da Conquistinha, afluente esquerdo do Conquista, ao sul do módulo intermediário da serra da Ventania.
2ª) Serra do Dondó e Fazenda das Almas, sul do módulo oeste da serra da Ventania, margem esquerda do ribeirão da Conquista, onde faz barra o córrego das Almas, cujas nascentes ficam no Cafundó, a noroeste de Petúnia (Nova Resende/MG).
Lembremo-nos de que, desde 1759, Diogo Bueno queria atacar os quilombos que ficavam “para as partes da Ibituruna”, bem como de que sua incumbência no ataque de 1759 foi a de ficar guardando os campos “para os lados da Ibituruna”, conforme registrou Waldemar de Almeida Barbosa, incumbência que, como revelaram os documentos, não cumpriu.

Em síntese, a primeira ata da Guardamoria documentou que estando a tropa no Boa Vista – I, “aí, aos sete do mesmo mês (setembro), se pôs em marcha o capitão comandante Bartolomeu Bueno do Prado e Manoel Francisco Xavier Bueno, com seus filhos e com filhos do dito guarda-mor (Diogo Bueno), junto com os seus agregados e outras pessoas que acompanhavam a mesma bandeira, de que se formou um corpo de quarenta e tantas pessoas armadas; e todos seguiram viagem para a destruição de um quilombo chamado o Cascalho (portanto NÃO existe quilombo do Canalho), que há muitos anos se achava estabelecido, e fazia muitos roubos e mortes nesta dita Comarca, assaltando aos moradores dela com crueldade, ainda aos próprios senhores, cujos calhambolas se achavam situados na Conquista do Campo Grande, da outra parte do rio Sapucaí, três dias de viagem no mato geral chamado o Ita Cunumim nas margens do rio Trapiche (Tapixé) de cuja diligência se aprisionaram vinte e três pessoas entre negros, negras, e crias, e a maior parte pondo-se em fugida atirando consigo ao rio, depois de muitos feridos na [resistência} que fizeram e aí faleceram muitos; e se botou fogo e destruiu o dito quilombo e plantas, reduzindo a cinzas”.

Em 30 de setembro de 1760, consumada a destruição do Quilombo do Cascalho, informa a primeira ata que, “pondo-se em marcha depois que convalesceram os feridos e muita gente nova estrepados, e um somente de chumbo; e cheguemos a esta paragem próxima a Boa Vista, aonde incorporamo-nos com as mais comitivas no dia 30 de setembro [a tempo], e hora que nos chegavam os socorros de todos os viveres, e munições”.

Como se vê, na volta, a tropa tornou a arranchar-se no destruído Quilombo da Boa Vista I, Campos Gerais, e lá desenhou o importantíssimo Mapa do Campo Grande.

Este mapa, apesar de estudado por muitos historiadores mineiros, nunca tinha sido desvendado porque, “salvo melhor interpretação”, ironiza o pesquisador Tarcísio José Martins, vinha sendo analisado e estudado de “cabeça para baixo”. Está legendado de maneira que seu Sul fica para cima e, seu Norte, para baixo.
O pesquisador Tarcísio José Martins revelou que encontrou esse mapa em seu original, na Coleção da Família Almeida Prado, Instituto de Estudos Brasileiros, na Universidade de São Paulo – USP. As Faculdades de História e Sociologia da USP, no entanto, sempre desprezaram esse importantíssimo documento. A Geografia da UFMG, informada via telefone por Tarcísio, foi na USP, fotografou o mapa e o publicou, sem nada dizer sobre o livro do autor ou sobre este site.

A segunda edição do livro Quilombo do Campo Grande, agora com o subtítulo “A História de Minas que se Devolve ao Povo“, no que tange à geografia dos fatos das guerras de 1746, 1758 e 1759/1760, acresceu as seguintes fontes documentais:
Ambrósio II – Triângulo e Alto Paranaíba: a) a toponímia preservada nos mapas topográficos de toda a região, escala 1:100 000, IBGE, 1970, e escala 1:250 000, IBGE, 1974; b) texto do diário, roteiro, mapa e croquis de quilombos do documento “Notícia Diária e Individual” da expedição empreendida por Inácio Correia Pamplona à região a 18 de agosto de 1769; c) mapa do “Julgado das Cabeceiras do rio das Velhas e parte da Capitania de Minas Gerais”, demonstrando de forma favorável a Minas, a divisa com a Capitania de Goiás, José Joaquim da Rocha, 1780; d) mapa da Conquista do Mestre-de-campo Regente, Inácio Correia Pamplona – 1784; e) petição de justificação datada de 9 de dezembro de 1800, feita por Vicente Pereira de Paiva Bueno, tetraneto de Amador Bueno da Ribeira e neto de Bartolomeu Bueno do Prado, reconstituindo com mais de 15 testemunhas alguns dos acontecimentos de 1758-1760 na guerra aos quilombos.

Sapucaí – Sudoeste de Minas: a) a toponímia preservada nos mapas topográficos de toda a região, escala 1:50 000, IBGE, 1970, e escala 1:250 000, IBGE, 1974; b) Texto do diário e “Relação das marchas que se seguiram na diligência da mostra geral que se principiou em 13 de agosto de 1764 e se acabou em 3 de dezembro do dito ano, com declaração da cidade, vilas, e mais partes porque se transitou para o dito efeito, e outras diligências do real serviço”, promovidas pelo governador Luiz Diogo Lobo da Silva; c) Mapas do citado roteiro, versões de 1764 e 1767, “Extraída da Carta Geográfica da Capitania de Minas Gerais e Partes confinantes”; d) Petição de justificação datada de 9 de dezembro de 1800, feita por Vicente Pereira de Paiva Bueno, tetraneto de Amador Bueno da Ribeira e neto de Bartolomeu Bueno do Prado, reconstituindo com mais de 15 testemunhas alguns dos acontecimentos de 1758-1760 na guerra aos quilombos; e) Troca de informações e profícuas discussões advindas do Grupo de Estudos dos Encontros de Historiadores e Pesquisadores dos Sertões do Jacuhy, mormente com os colegas Orlando Sales Filho, José Limonti Jr. e padre Hiansen Vieira Franco.

Voltando à sequência dos fatos. Depois de todo esse morticínio, final de 1760, não havia mais notícias do Rei Ambrósio. Porém, constatamos em fevereiro de 2009 nos arquivos do ultramar, publicados pelo Projeto Memória Digital da UNB, que o Rei do Quilombo do Ambrósio foi contado entre os mortos de 1759.
Entre os prisioneiros, o de maior destaque é Pedro Angola. Dele, disse o Governador José Antônio Freire de Andrade EM VÁRIAS CORRESPONDÊNCIAS que era para ser enviado galés para o Rio de Janeiro, pois, “em esse negro se soltando não ficará negro algum nesta Capitania que ele não torne a conduzir de volta para os quilombos do Campo Grande”.
Constatamos no mesmo documento supracitado que esse herói, juntamente com outros líderes do Campo Grande, num total de 50 quilombolas, foram encaminhados galés para o Rio de Janeiro, onde serviram no desmonte de um morro e construção de um muro da fortaleza da ilha de Villegagnon.
A partir daí, revelam os documentos que os quilombolas que escaparam do Campo Grande ficaram enlouquecidos. Atacam a capela de Bambuí; atacam quartéis de guarda; atacam fazendas; fazem prisioneiras brancas; botam freios na boca de homens brancos e os cavalgam; matam; descarnam; etc.
Obs.: Gomes Freire morreu em 1763, acusado de covardia e traição por ter perdido todo o Sul para os espanhóis. Morreu acusado também de ter roubado, junto com seu irmão, os cofres das capitanias que governou. Neste mesmo ano, a capital da Colônia se deslocou de Salvador para o Rio de Janeiro. São Paulo recobrou o predicamento de Capitania, o que só se concretizaria em 1765.

Luiz Diogo Lobo da Silva, novo governador da Capitania de Minas Gerais, em 1764, faz uma longa viagem percorrendo toda a região que fora abrangida pelo “Sapucaí” no destruído Campo Grande. Toma providências criando fortes, melhorando picadas, instalando tropas e distribuindo sesmarias.

Mesmo assim, a região do “Sapucaí” ficaria praticamente despovoada até por volta de 1875/1880 (século XIX), quando passou a receber grandes contingentes de imigrantes italianos que se instalaram nas terras “quilombolas”. Atualmente, seus descendentes estão descobrindo o Campo Grande e redescobrindo a História dos primórdios da ensanguentada Terra que recebeu seus ancestrais.

A partir de 1769, Inácio Correia Pamplona, a mando de Luiz Diogo, também fingindo nada saber ou menosprezando a importância do ataque de Bartolomeu Bueno, fez várias expedições ao Ambrósio de Ibiá-MG e adjacências, tentando abocanhar para as Minas Gerais mais esse “território quilombola”. No entanto, somente depois de 1816 é que o governo mineiro viria a se apropriar também do Triângulo Mineiro.

Quantos pretos morreram no Campo Grande? Quantos brancos pobres, aquilombados, morreram no Campo Grande? Os documentos encontrados não são claros… ao contrário…. são muito obscuros.

Muitos documentos – há claras evidências – foram destruídos pelo próprio Gomes Freire de Andrada. Outros, principalmente no período de 1750 a 1760, mesmo nos arquivos das Minas Gerais… sumiram…(?!).

Em todos os locais de quilombos que visitou, o pesquisador Tarcísio José Martins descobriu um fato comum: geralmente tem, no “lugar”, uma capelinha ou uma cruz, sempre antigas. Esses marcos, segundo revelam os habitantes das regiões visitadas, foram colocados “ali” porque, “se alguém cavar mais de dois palmos, encontrará muitos ossos humanos”. Pensam, os habitantes desses lugares que, “ali” deve ser algum “cemitério indígena muito antigo”. Assim, colocaram esses marcos (capelas ou cruzes) para evitar que os locais voltassem a ser cavados.

Dezenas e dezenas de outros quilombos continuariam a surgir, depois de 1760/1770. Porém, não se assemelharam ao Campo Grande. Nenhum deles jamais foi comparado ao Quilombo de Palmares. O Campo Grande é o único que sempre foi comparado pelas autoridades com a famosa Esparta Negra de Zumbi. Nenhum deles recebeu a preocupação e as providências diretamente do Governador da Capitania. Nenhum deles mobilizou tantos recursos e tropas. Nenhum deles teve seus documentos suprimidos e/ou destruídos na própria época.

O trabalho do pesquisador Tarcísio avançou muito e descobriu coisas inusitadas, escondidas atrás da nossa desconhecida história dos anos setecentos. O esbulho do atual Sudoeste de Minas à Capitania Paulista nos setecentos, bem como, o esbulho do Triângulo Goiano à Província de Goiás nos oitocentos são verdades cristalinas, documentadas e irrefutáveis que só se mantiveram ocultas à custa da supressão da história dos Quilombos do Campo Grande e do abuso de poder da então gigantesca capitania, depois província, de Minas Gerais, em relação à então mísera São Paulo (que deixara de existir entre 1748 a 1765) e demais capitanias e províncias dos anos setecentos e oitocentos. Tudo, no entanto, foi implementado, dentro de um projeto de poder do grupo a que pertenceu Alexandre de Gusmão, paulista traidor de seu povo, mentor da reimplantação do Sistema Tributário da Capitação e autor do Tratado de Madri, causas diretas dos dois maiores genocídios da América do Sul perpetrados por Gomes Freire de Andrade, o pior governador lusitano que já pisou em nossa Terra.

O pesquisador Tarcísio, que já pesquisa o tema, agora, há mais de TRINTA ANOS, apesar do despreparo da UFMG, da UFERJ, da USP e demais universidades públicas do sudeste e sul de nosso País não está mais só. Tem muitos companheiros e amigos, principalmente entre a juventude estudante da História e da Sociologia que, dia menos dia, irá solidificar, cada vez mais, a verdadeira HISTÓRIA dos Quilombos do Campo Grande… A HISTÓRIA DE MINAS ROUBADA DO POVO, agora DEVOLVIDA na segunda edição do livro Quilombo do Campo Grande, publicada em agosto de 2008 pela Santa Clara Editora, Contagem, MG. Terceira Edição em 2018 pela MG QUILOMBO Editora Ltda. Quarta Edição em 2024, pela mesma Editora.