Antes da Abolição havia pouco mais de 700 mil escravos, a maioria em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Em 13 de maio de 2015 a Abolição da Escravatura no Brasil completará 127 anos. Isto significa que, ainda hoje, muita gente se lembra do que contavam seus pais, seus avós ou bisavós sobre o que teria acontecido em sua cidade no dia da Abolição, principalmente na zona rural. Você sabe a história?
Assim, pedimos a todos os nossos quilombolas e amigos que escrevam para o MGQUILOMBO contando como tudo aconteceu em sua cidade ou região. Quando foi que chegou a notícia? Quem oficializou essa notícia aos escravos? E aí, como reagiram os escravos ao saber da sua libertação? Abandonaram as lavouras? Abandonaram os senhores? Houve festas? Etc.
Charge de Agostini, publicada em maio de 1888 na Revista Ilustrada – “Os troncos, bacalhaus (chicotes) e outros instrumentos de tortura alimentam as fogueiras, em redor das quais os novos cidadãos entregam-se ao mais delirante batuque”.
Conte aqui a história acontecida em sua cidade. Desde que você se identifique e autorize, terá a digitação revisada sem qualquer censura e transcrita nesta página pela ordem de chegada. Agradecemos desde já a sua colaboração.
Olá Tarcísio – A Abolição na cidade de Três Pontas – MG
Por informações verbais, a abolição foi tranquila. Era vigário da paróquia Pe. Victor, filho de uma escrava de Campanha MG e que tinha um grande prestígio aqui. Atualmente ele está em fase de beatificação. No final do século 19 houve uma grande imigração de italianos, a fim de substituir o trabalho escravo. Dados históricos do fim do século 19 se perderam ou foram incinerados, por incúria dos responsáveis. Um abraço, Paulo da Costa Campos (Genealogista e Historiador), em 01.05.2015
Abolição na região de Moema, Santo Antônio do Monte e Bom Despacho, MG
Contava minha falecida mãe, nascida em 1910 – que aqui homenageio – que seus pais, avós e mais pessoas pobres e pretos da região contavam com muito bom humor a surpresa que fora a Abolição para os donos de escravos. A notícia chegou dias depois, pelos padres em suas missas da manhã. Os pretos forros e livres esparramaram a notícia entre os escravos. Os escravos ficaram quietos e trabalharam o dia inteiro. No dia seguinte as senzalas amanheceram vazias e todos os serviços abandonados. O leite azedou, as carnes e o toucinho federam, a garapa passou, a cana cortada secou, perderam-se as roças e os negros de ganho não pagaram o jornal. Os senhores e as sinhás se desesperaram, pois, a maioria nunca tinha trabalhado na vida e muitos não sabiam nem limpar a bunda sozinhos, debochava minha mãe. Porém, os pretos libertados ficaram por ali mesmo em companhia dos malungos que já eram livres e brancos pobres. Mais tarde, uns sumiram no mundo e outros ficaram trabalhando para os antigos senhores. É destes pretos que muita gente da região, apesar de se achar branco, é descendente. O bisavô e a bisavó de minha mãe, ele cabra e ela parda, pretos, já eram livres desde o nascimento. Tarcísio José Martins – 09.05.2015.
Abolição na cidade de Bambuí – MG
Pois é mano, minha curiosidade é enorme para saber como teria transcorrido tão importante fato aqui em Bambuí e região. Mas veja bem, eu não consegui saber nem mesmo sobre uma antiga igreja do Rosário que existiu aqui até pelo menos 1908, pois, ninguém, entre as pessoas idosas que entrevistei, soube dizer sobre essa igreja. Com relação à Abolição, alguma informação poderia se conter nos livros de ata da Câmara Municipal, mas, aí também a situação é dramática. Todos os livros de ata da Câmara, desde 1884 quando foi eleita a primeira Câmara, até 1947, estão desaparecidos ou foram destruídos. Nos anos 90, um funcionário da prefeitura fez uma fogueira com antigos livros de registro de óbitos do munícipio e eu creio que alguns livros de atas da Câmara devem ter ido para a mesma fogueira. Infelizmente, muitos fatos históricos desse período foram perdidos por essa insanidade praticada por um maluco funcionário público. Se caso você descobrir alguma coisa sobre esse fato aqui na região, me conte. Abraços. Lindiomar José da Silva, historiador de Bambuí – MG – 09.05.2015.
Como foi a Abolição em Bacabal – MA
Primeiro, o mano Fernancyo Fernancio informou: “Não sei pelos meus parentes, mas vou pesquisar”. Depois informou que “Em Bacabal minha cidade natal, os negros estão em quilombos rurais e urbanos, numa população de quase 70 por centro de negros. Não houve libertação houve foi abandono do povo negrão à própria sorte!” e opinou que: “devemos pedir indenização pelos 500 anos de escravidão ao povo negro e nativo do Brasil!”. 13.05.2015.
Para sua melhor recordação e ilustração, apresentamos abaixo as seguintes matérias:
1 – A legislação civil e penal provam que a repressão imperial vigorou até o fim
2 – Jornal do Senado, simulando as manchetes do dia da Assinatura da Lei Áurea
3 – Vídeo do Senado Federal sobre a “História da Escravidão no Brasil”