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QUILOMBOLAS LENDA MINEIRA INÉDITA, um conto de Carmo Gama

QUILOMBOLAS  LENDA MINEIRA INÉDITA – de Joaquim do Carmo Gama ,1904, um lixo ficcional.

Trata-se de artigo publicado na Revista do Arquivo Público Mineiro – vol. 9 – 1904 – Fascículos I e II (jan-jun/1904), sob a direção e redação de Antônio Augusto de Lima. Na verdade, “Quilombolas Lenda Mineira Inédita, um conto de Carmo Gama “é uma mera ficção. Um folhetim racista que, na verdade, visou apenas homenagear os jesuítas. Além disso, por ter sido publicado pela Revista do APM em 1904, ganhou um falso status de história. A sequência de matérias publicadas na mesma Revista arrasta à interpretação de que esse conto quis dar falso suporte às inverdades com que o Governo Mineiro respondeu ao Governo Goiano suas cobranças sobre o esbulho com que Minas, sem dúvida, lhe abocanhara o Triângulo Goiano, hoje, Mineiro. Só isto. Confira a matéria “Questão de Limites entre os Estados de Minas e Goiás” que, marotamente, desaguou na sequente “Lenda Mineira Inédita”.

Há muito (mais de vinte anos, em 2022) estamos estudando e cruzando os dados deste conto com informações documentais e bibliográficas. Apresentamos este estudo, com notas de rodapé e glosas na própria sequência de seus textos. Esse mero conto, publicado como se História fosse, levou a erros, até ridículos, a praticamente todos os historiadores que escreveram sobre o Quilombo do Rei Ambrósio e sua Confederação. Entendo que a Revista do APM tem a obrigação de corrigir esse danoso equívoco que cometeu no ano de 1904. Aliás, a evidente má-fé configurada pela sequência de artigos numa mesma Revista configura um CRIME contra a História Mineira até hoje não reparado pelo APM e nem pelos sucessivos Governos do Estado de Minas Gerais.

Para se ter uma ideia do tamanho do dano causado por essa falsa fonte historiográfica publicada pelo APM no ano de 1904, bem como pelo documento ideologicamente falso chamado “Carta da Câmara da Vila de Tamanduá à Rainha – 1793” publicado em 1897, informamos abaixo os autores que, direta ou indiretamente, citando ou não essas falsas fontes historiográficas, propagaram suas mentiras em seus livros:

1 – Valdemar de Almeida Barbosa, em seu livro “Negros e Quilombos em Minas Gerais”, este o mais virulento na propagação destas e de outras mentiras historiográficas.

2 – Luiz Gonzaga da Fonseca, no seu livro “História de Oliveira“.

3 – Carlos Magno Guimarães, em seu livro “Negação da Ordem Escravista”, etc. e assessoria ao IPHAN no tombamento do Segundo Quilombo do Ambrósio de Ibiá, com a documentação errada, pois de 1746, época em que o Ambrósio ficava em território da atual cidade de Cristais.

4 – Clóvis de Moura, em seu livro “Rebeliões de Senzala”.

5 – Laura de Mello e Souza, em seus livros “Opulência e Miséria das Minas Gerais”, “Normas e Conflitos” e artigos que escreveu sobre o mesmo tema.

6 – Márcia Amantino em seu livro “O Mundo das Feras: Os Moradores do Sertão Oeste das Minas Gerais – Século XVIII”, além de propagar muitas outras coisas erradas etc.

7 – Revista do Arquivo Público Mineiro em seu “Cadernos de Arquivo – 1 / Escravidão em Minas Gerais” de 1988, etc. desde 1897, pp. 45-46.

8 – Rede Globo, Jornal Nacional e artigo publicado em 03.08.2022 no seu portal G1 sobre o Primeiro Quilombo do Ambrósio de Cristais.

9 – Artigo “Rei Ambrósio de Minas Gerais e o ofuscamento da história e da memória de um líder quilombola“, publicado pelo pretenso historiador Jeremias Brasileiro que, apesar de citar outras fontes, onde incluiu até mesmo o documento FALSO “Carta da Câmara da Vila de Tamanduá à Rainha – 1793“, deixou de citar “Quilombolas, Lenda Mineira Inédita” que, na verdade, foi sua principal fonte nesse trabalho, o que comprova seu embuste historiográfico ou ausência de boa-fé.

10 – Assim também, qualquer texto que contiver informações ou insinuações de que o Quilombo do Ambrósio atacado em 1746 ficava na região de Ibiá – MG; que informar que depois de um violento fogo o rei Ambrósio fora morto nesta batalha, está indicando informações falsas e que, direta ou indiretamente, o seu autor teve como fonte a famigerada “Carta da Câmara da Vila de Tamanduá à Rainha – 1793”, um documento 100% ideologicamente falso publicado pela Revista do APM em 1897.

Qualquer texto que insinuar ou afirmar todas ou qualquer uma das informações de que a existência do Quilombo do Ambrósio ocorreu apenas na região de Araxá – MG; que contiver informações de que o rei Ambrósio era escravo e africano, comprado por jesuítas no mercado do Valongo; que informar o contato desses quilombolas com jesuítas ou com índios; que dizer que a rainha, esposa do rei Ambrósio, se chamava Cândida, está indicando informações absurdas e falsas e que o seu autor, direta ou indiretamente, teve como fonte o conto de Joaquim do Carmo Gama, “Quilombolas: Lenda Mineira Inédita” publicado de má-fé em 1904 pela Revista do Arquivo Público Mineiro, como se História fosse.

Qualquer texto que de forma omissa ou restritiva tratar apenas e tão somente do Quilombo do Ambrósio, como se fosse um quilombo isolado e sem mencionar que foi a Capital da Confederação Quilombola do Campo Grande composta de cerca de 27 quilombos confederados, deve ser considerado desinformado, tendencioso e/ou falso e que provavelmente teve como fonte as duas falsas fontes acima citadas.

O texto original deste artigo do ano 2000 foi publicado aqui no mgquilombo em 2002. Desde então, lhe fizemos várias atualizações. Extraímos esta nova versão, com autorização exclusiva do autor, para o mgquilombo, do livro Quilombo do Campo Grande – A História de Minas que se Devolve ao Povo, 3ª Edição, MG QUILOMBO Editora Ltda., 25ª Bienal do Livro – SP, agosto/2018 pg. 956-980. (Atualmente, 2024, esse livro está em sua 4ª Edição).

Apresentamos, agora, em agosto de 2022, um novo texto em PDF, com 20 páginas em papel A4 e 65 notas de rodapé, indicando fontes ou dando melhores explicações sobre nossas pesquisas.

Para ter acesso à versão completa, CLIQUE AQUI…   e boa leitura.